Ecossistema: teu quintal na natureza

Publicado em 16.06.2012 no Portal Guaratiba

Roberto Vilmar Quaresma, escritor e palestrante espírita

Neste divino berço que te acolhe, olha ao derredor e observa como a natureza trabalha. Ninguém a ouve lamentar, chorar ou bradar gritos de glória. O silêncio é a sua ferramenta principal. Nunca a viram se enaltecer por propagar e manter constantes sustentáculos para os seres que vivem sobre o solo terrestre.

Trabalha a mãe natureza no ecossistema em que te encontras, para te sustentar como a todos que aí aportam, sem descansar um só instante. Quando não está a desabrochar novas medidas para suprir os desconfortos causados aos ecossistemas, encontra-se restaurando ou purificando os maus tratos recebidos, para continuar servindo a todos, até mesmo os que a degradam.

Barra de Guaratiba – Foto de Irarai Roberto Campos

Nunca reclama, confia nas verdades que a criaram, e com uma fé irrepreensível se refaz das várias agressões que diariamente recebe. Muitas vezes estes refazimentos se dão em forma de cataclismos, mostrando que é preciso um pouco mais de respeito com os seres animados e inanimados. Mas, ainda assim, o homem se acha soberano e corrompe o ecossistema em troca das estruturas indisciplinadas de concretos e tijolos, para abrigar-se ou, simplesmente, para suas satisfações menores se realizarem.

A natureza oferece o solo onde se plantando tudo dá, e o homem passa fome; fornece as águas límpidas e cristalinas de suas nascentes e o homem a envenena e ainda diz que faltará água potável daqui a alguns anos; promove o verde exuberante das florestas e o homem as queima, indiscriminadamente, preferindo o gás carbônico; providencia uma fauna e microrganismos para ajudá-lo no equilíbrio do ecossistema em que se encontra e o homem dá ênfase ao egoísmo. Enfim, a natureza dá-lhe todos os recursos para saudavelmente viver. Mas o homem prefere a morte antecipada, pois pelos gozos infrutíferos usa o desrespeito e a indisciplina para consigo mesmo, já que depois de atitudes assim consumadas restam-lhe as fuligens e os escombros, preenchendo as faltas ora reclamadas.

Ele, o homem, destrói as ofertas de Deus.

Nesta conturbação de valores não morre somente o corpo físico; morre, também, o tempo que foi gasto, indevidamente, propiciando o caos moral e o autodesafeto intelectual.

A contaminação provocada pelo homem, ferindo o ecossistema, irradia-lhe o veneno que ele mesmo destila para sorvê-lo amanhã.

Quem conhece um movimento mais instrutivo, pedagógico, disciplinado, perseverante e amoroso, que os produzidos por um ecossistema?

Interrogada pelas constantes ameaças dos encarnados, a natureza responde com brados organizadores e orientadores, procurando mostrar a quem não a entende as formas adequadas de lidar com quem o alimenta, agasalha, medica e protege. E mais, mostra-lhe através de todos os seus mecanismos como promover-se progressivamente respeitando Deus, já que em seus desenvolvimentos ficam evidentes conceitos, ações, alteridade e assemelhados, bastando ao homem adequá-los aos seus comportamentos e qualidades.

Resumindo, podemos dizer que a natureza tem o ecossistema como um dos grandes professores a favor do homem. Seguindo suas informações, fácil será lidar com a vida. Mas o homem continua irredutivelmente achando-se o sabedor de conhecimentos que nem chegaram à planilha da Terra, ou seja, pensa saber o que longe está de ter apenas noção. E, por assim agir, lança-se, a maior parte das vezes, em crateras fervilhantes, ainda de insolúveis malignidades. Haja vista, ser sua lata de lixos, de coisas imprestáveis e poluídas, as áreas livres onde vive. Logo adiante, reclama que os produtos agrícolas estão contaminados com coliformes fecais. Entretanto, seus despejos insalubérrimos arremessa-os pelas vias pluviais ou lança-os nos caminhos por onde transita. Neste caso reclama que o caminho está imprestável, que os poderes constituídos não realizam as suas tarefas. Todavia, não se perguntou quem são os poderes constituídos. Se o tivesse feito, verificaria que o mais próximo do problema apontado e com poder constituído, desde que reencarnou, é ele próprio. Certamente se envergonharia, pois é o feitor do mal feito; reclama dos outros, quando deveria agir com o poder que tem, conservando o bem colocado ao seu redor pela natureza e não o destruindo ou contaminando.

Como a natureza é sábia, deixa-o sofrer as consequências dos atos indevidos, a fim de que, sentindo o retorno dos males realizados, venha a despertar para o respeito devido aos préstimos que lhe foram dados para caminhar no sentido do progresso espiritual e, consequentemente, obter maiores viabilidades materiais, o que só favorece o seu desenvolvimento.

Quando o homem compreender que o meio em que vive foi por si mesmo escolhido em pretéritos tempos, entenderá que hoje é preciso fertilizar o porvir. Caso contrário, terá nos tempos seguintes o oposto do que considera o melhor para si.

Consciente dos destinos projetados verificará que os contextos circunvizinhos são sempre os mais viáveis para alcançar momentos com mais amor, nas rotas pretendidas.

O ecossistema no qual está integrado também depende do seu equilíbrio. Pois o espaço circunscrito, materialmente falando, carece do compromisso de todos no que diz respeito ao comportamento. Se observarmos os seres inferiores, constataremos o incessante trabalho e dedicação às suas obras. Se destruirmos o casulo das abelhas, imediatamente se põem a outro construir. Guardam a certeza da ajuda Divina, sabem que ela sempre se fará, embora sejam consideradas inconscientes.

Ademais, não esqueçamos que Deus está em nós desde o mais primário princípio. Daí, pergunta-se: O que o homem está fazendo do seu Deus interior? Desperta, oh! homem! Coloca Deus em tuas ações e comportamento. Tudo o que te rodeia é obra de Deus, inclusive tu. Então, por que te maltratas? És, neste mundo, o Ser que dispõe de maior discernimento. Portanto, tens o dever de cuidar de tudo o que fizeres uso, e de todos aqueles que consideras inferior, visto serem princípios espirituais em evolução. Amanhã, serão homens como tu.

Deus espera pelos teus préstimos na obra da qual fazes parte.

A harmonia se dará radiante quando o Ser consciente se submeter às Leis da Natureza, compreendendo, plenamente, que o receber é efeito do dar, tanto quanto o colher é resultado do semear.

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