“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser
tentado pelo diabo…” (Mat. 4: 1)
A tentação de Jesus é tema tratado nos evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos.
Os dois primeiros, mais detalhados, dizem que Jesus, após ser batizado por João Batista, foi guiado ao deserto e tentado pelo diabo por três vezes.
Na primeira tentativa, quando teria sentido fome, foi-lhe pedido que transformasse pedras em pães, provando, assim, ser o filho de Deus.
Noutra, com idêntica finalidade de demonstrar sua filiação divina, foi-lhe sugerido que se atirasse do pináculo do templo e fosse sustentado pelos seus anjos.
Por derradeiro, com a condicionante de que o adorasse, o mensageiro das trevas ofereceu-lhe todos os reinos do mundo e respectivas glórias.
As respostas do doce Rabi são sobejamente conhecidas: “Não só de pão vive o homem; não tentarás ao Senhor teu Deus; ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele darás culto”.
Em “O Livro dos Espíritos”, pergunta nº 466, colhe-se a resposta de que Deus permite que espíritos imperfeitos excitem os homens ao mal agindo como instrumentos destinados à experimentação da fé e a constância no bem.
Essas entidades, esclarecem os espíritos superiores através de Kardec, só se ligam às criaturas quando solicitadas ou atraídas por seus pensamentos; se afastam quando são repelidas pela vontade, embora fiquem à espreita para novas investidas, como faz o gato em relação ao rato.
No caso em tela, considerada a superioridade moral de Jesus, é óbvio que este nem atraiu e nem solicitou a presença da entidade demoníaca que, com certeza, ofuscada pelo brilho do Mestre, não encontraria ambiente propício às tentativas registradas.
De qualquer forma, o episódio, simbólico por certo, ilustra um dos mais importantes alertas que Jesus fez questão de frisar mais de vez: “orai e vigiai para não cairdes em tentação”.