5 de Janeiro

Noticias do Movimento Espírita

Araçatuba, SP, quarta-feira, 05  de janeiro de 2011

Compiladas por Ismael Gobbo

Agradecemos àqueles que gentilmente repassam este email em suas listas de contatos

 

 

 

 

 

Nota importante

Recomendamos confirmar junto aos organizadores os eventos aqui reproduzidos. Podem ocorrer cancelamentos ou mudanças que nem sempre chegam ao nosso conhecimento.

 

 

 

 

Reflexão para o Ano Novo

 

 

 

Richard Simonetti

richardsimonetti@uol.com.br

 

        

 

Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará! Andai prudentemente, não como néscios, mas como sábios, usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus. Não sejais insensatos, mas entendei qual é a vontade do Senhor (Efésios, 5:14-17).

Um ano se inicia, sempre com abençoadas esperanças. Isso é bom. A esperança é o facho sagrado que aquece o presente e ilumina o futuro. Mas é preciso analisar o que esperamos no novo ano, a saber se estamos cultivando esperanças legítimas ou meras ilusões. Que paremos por instantes e nos perguntemos, lembrando o apóstolo: – Estou acordado? Tenho consciência do que faço na Terra e do que me compete realizar?

       Isso é fundamental. Caso contrário vamos incorrer nos mesmos enganos, cometer os mesmos erros, entrar pelos mesmos desvios, sem perceber por onde andamos e o que nos compete fazer. Se despertarmos, Cristo nos iluminará  – revela Paulo.

       Essa é a grande bênção do despertar, mas a luz do Cristo é também o grande teste para saber se estamos despertos. Basta confrontar o que somos e o que fazemos com o que Jesus ensinava e exemplificava.

       Perdão, mansuetude, compreensão, tolerância, bondade, caridade, amor, são as luzes do Cristo.

       Serão as nossas luzes? Estamos iluminando e aquecendo nossas almas, com esse fogo sagrado?

       Andai prudentemente, não como néscios, mas como sábios – adverte Paulo. Néscio é um adjetivo forte, pejorativo. Significa ignorante, inepto, insensato, incapaz.

       Sábio é aquele que vê além das aparências. É alguém atento à necessidade de aprender sempre. Começa na consciência da própria ignorância. Sócrates, o pai da filosofia, considerado o homem mais sábio de seu tempo, dizia: – Não sei por que me consideram sábio, porquanto toda a minha sabedoria consiste apenas em saber que não sei nada.

       É a partir da reconhecimento de nossas limitações e do empenho por superá-las que começamos a despertar para a vida em plenitude, aproveitando o tempo que nos é concedido e  superando o milenário torpor que caracteriza o homem comum.

        Paulo recomenda que não percamos as oportunidades, porque, como diz, os dias são maus. Os cristãos, minoria no Império Romano, viviam em permanente expectativa de perseguições religiosas movidas pelos pagãos. Eram dias difíceis, dias de sofrimentos, mas também dias de gloriosos testemunhos da fé para aqueles homens acordados, conscientes do que queriam, do que lhes competia fazer.

        Os que buscam vivenciar em plenitude o Evangelho sempre encontrarão dias maus, já que a Terra é um planeta de expiações e provas, onde as forças das sombras pretendem sustentar domínio, explorando as tendências inferiores da Humanidade.

       Nem por isso estamos impedidos de aproveitar as oportunidades e fazer o melhor, considerando o essencial:

Não são aqueles em que enfrentamos o mal os piores dias. São os dias em que não cultivamos o Bem.

       Por isso – recomenda Paulo –, não sejais insensatos, mas procurai compreender a vontade de Deus.

       Para aquele que está desperto, é fácil saber qual é a vontade de Deus. Está expressa no Evangelho, a Carta do Amor Divino.

       Temos nas palavras de Paulo um bom roteiro para nossas reflexões, a saber se estamos despertos e conscientes ou dorminhocos incorrigíveis, repetindo os mesmos enganos de sempre, próprios de sonâmbulos que não sabem o que fazem, nem por onde andam ou o que falam.

 

 

 

 

 

 

SITIO ARQUEOLÓGICO EM EFESUS. FOTO ISMAEL GOBBO

 

 

 

 

 

 

 

Hermínio: 91 anos de estudos e dedicação ao espiritismo

 

EUGÊNIA MARIA

 

 

 

Neste cinco de janeiro de 2011 um grande espírita faz aniversário.

Pela sua contribuição, Hermínio Corrêa de Miranda merece mais do que uma homenagem. Merece o reconhecimento dos espíritas e dos não espíritas pela sua obra e pelo seu exemplo de vida dedicada à transmissão do conhecimento, encurtando nosso caminho na estrada evolutiva.  

 

Num rápido flash back panorâmico sobre as obras desse grande escritor espírita podemos seguramente afirmar que poucas vezes na literatura a arte de fazer pensar foi tão bem exercitada quanto nos textos de Hermínio Corrêa de Miranda.

Ao mesmo tempo, cada página da maioria dos seus livros cumpre outra função da arte provocando em seus leitores fortes emoções com suas viagens maravilhosas pelos mundos da história, filosofia, ciência e religião, regidas pela pesquisa e pelo rigor doutrinário de suas reflexões como profundo conhecedor do mundo espiritual.

Tanto que as suas obras estão entre as mais lidas pelos espíritas e por muitos não espíritas, inclusive com várias traduções, como acaba de acontecer com seu livro mais recente “Nossos filhos são espíritos”, que está sendo lançado em inglês com o mesmo título: “Our children are spirits”.

O mais impressionante de tudo é que Hermínio estuda em vários idiomas e não vacila em dizer o que pensa, sem, no entanto, tentar convencer. Ele vai muito além do que apenas transmitir informações, mesmo diante de temas altamente polêmicos, dando-nos a segurança de que o conhecimento se constrói com muito estudo e reflexão.

A variedade das suas abordagens literárias também chama a atenção pelo fato de transitar por mundos tão diversos como o do cristianismo primitivo ou o da mente das crianças, com a mesma desenvoltura e enriquecimento de análise, simplesmente porque o foco nunca muda.   

Esmiuçando detalhes de seus estudos, nas mais diversas áreas, com instigantes citações, explicações e reflexões, Hermínio viaja sempre em sentido único, mas aberto, numa perfeita sintonia entre o mundo filosófico-científico-intelectual e o espiritismo, com todas as suas revelações e implicações.

Hoje é um dia especial, de agradecimento a esse grande espírita.

Parabéns, Hermínio!

 

Eugenia Maria

 

 

 

HERMINIO CORRÊA DE  MIRANDA 

AUTORA DA FOTO: D. INEZ,  SUA ESPOSA

 

 

 

 

 

 

 

 

Palestra com José Raul Teixeira

Limeira, SP

 

 

 

(Informação em emails de margareth.blezer@ig.com.br ; Elaine Menato e Otávio Cunha)

 

 

 

LIMEIRA, SP. FOTO http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/02/Limeira_vista.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

Palestra com Jacob Melo

São Paulo

 

 

(Informação em emails de Regina Bachega e Otavio Cunha)

 

 

 

 

MOSTEIRO E COLÉGIO  DE SÃO BENTO E AV. TIRADENTES NO CENTRO. SÃO PAULO. FOTO ISMAEL GOBBO

 

 

 

 

 

 

 

Palestra pública no Núcleo Espírita Chico Xavier

Niterói, RJ

 

 

(Informação em emails de Márcio Hungria e Otavio Cunha)

 

 

File:Praia de Icaraí e MAC.jpg

 

PRAIA DE ICARAI, NITEROI. FOTO: http://it.wikipedia.org/wiki/File:Praia_de_Icara%C3%AD_e_MAC.jpg

 

 

 

 

 

 

 

Palestras públicas

Poços de Caldas, MG

 

PROGRAME-SE

 

PALESTRAS:UNIÃO FRATERNAL

RUA PARAIBA 295 – POÇOS DE CALDAS-MG

 

DIA 16/01/2011- AS 19 HORAS – DOMINGO

SERGIO SANTOS DE UBERABA

 

 

DIA 23/01/2011 – AS 19 HRS DOMINGO

PEDRO CAMILO DE SALVADOR

TEMA: COMO LIDAR COM A MEDIUNIDADE

 

DIA 25/02/2011 – AS 20 HRS.

                          SEXTA FEIRA

ORSON PETER CARRARA

 

(Informações recebidas em emails de Otávio Cunha e Elaine Menato)

 

FOTOS: ARQUIVO ISMAEL GOBBO

 

 

 

Ficheiro:Poços de caldas Rua Assis1 001.jpg

 

RUA ASSIS FIGUEIREDO, POÇOS DE CALDAS, MG. FOTO http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Po%C3%A7os_de_caldas_Rua_Assis1_001.jpg

 

 

 

 

 

 

 

Palestra com Agnaldo Paviani no Oficina de Luz

Carapicuíba, SP

 

 

 

Guamalher Elias Costa

(11) 9461-1692 – Claro

(11) 7595-6429 – Vivo

guamalher@gmail.com

guamalher@uniaoespirita.org.br

 

(Informação recebida em email de Guamalher)

 

 

 

 

 

 

 

 

Reuniões públicas no Seara do Mestre

São Paulo

 

 

 

 

Reuniões Públicas

 

DATA

 

PALESTRANTE

TEMA

 

 

04/01/11

20h

 

William

Não vim destruir a lei

 

 

 

 

 

 

07/01/11

20h

 

André

 

 

 

 

 

 

 

08/01/11

sáb

09h

 

Antonio Roberto

Há muitas moradas na casa de meu pai

 

 

 

 

 

 

08/01/11

sáb

15h

 

 

NÃO HAVERÁ PALESTRA

 

 

 

 

 

 

11/01/11

20h

 

Pedro Nunes

Ninguém pode ver o reino de Deus se não nasce de novo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sua opinião é muito importante para nós. Utilize a caixa de sugestões que está próxima a recepção e deixe seu recado!!!

A Assistência So.cial conta com a colaboração de todos doando alimentos não perecíveis e  também a doação de roupas de bebês, podem ser NOVAS ou USADAS.

Centro Espírita Seara do Mestre
R. Carlos Roberto Cavanhas, 392 – V. Rubi
São Paulo – SP
04823-120

 

 

 

 

 

 

 

 

Curso de Férias 2011 da FEESP na Casa Transitória Fabiano de Cristo

São Paulo

 

PÁTIO

 

TODOS OS SÁBADOS DE JANEIRO


TEMA CENTRAL: “DESAFIOS DO TERCEIRO MILÊNIO” –

 

 LOCAL: PAVILHÃO EMMANUEL (UM EXPOSITOR PARA CADA TEMA)


Às 10:00 HORAS:


DIA 08 – UM DESAFIO CHAMADO FAMÍLIA.Vera Millano (Expositora da Area Espiritual e do Ensino)

 

DIA 15 – OS DESAFIOS SOCIAIS: VIOLÊNCIA URBANA, ALCOOLISMO, TOXICOMANIA E SEXOLATRIA.Maria de Cássia Anselmo(Diretora da Área de Assistência Espiritual)


DIA 22 – DESAFIOS PSICOLÓGICOS E ESPIRITUAIS : DEPRESSÃO, TRANSTORNO DE PÂNICO, FOBIA E OBSESSÃO – Albertina Corceiro(Expositora da Area Espiritual e do Ensino)


DIA 29 – DESAFIOS DA TRANSIÇÃO: AS PROFECIAS E O APOCALIPSE – A ERA NOVA – Magali Bischoff (Expositora da Area Espiritual e do Ensino)

Às 14:00 HORAS:
TEMA CENTRAL: “FILOSOFIAS DA ESPIRITUALIDADE” – LOCAL: PAVILHÃO EMMANUEL-

Todas as palestras da tarde com o  EXPOSITOR:  JOÃO BAPTISTA DO VALLE – Vice Presidente FEESP


DIA 08 – O ESPIRITISMO E AS DOUTRINAS ESPIRITUALISTAS
DIA 15 – A INFLUENCIAS FILOSÓFICAS DE SANTO AGOSTINHO NO CATOLICISMO E NO ESPIRITISMO
DIA 22 – AS LIÇÕES IMORREDOURAS DE MAHATMA GHANDI
DIA 29 – ALLAN KARDEC; O DRUIDA RENCARNADO

Endereço:
Avenida Condessa Elizabeth De Robiano, nº 454; Belém (marginal esquerda do Rio Tietê)
fone 2797-2999 – ramal 209
atendimento aos sábados das 8h00 às 17h00 3493-2522


E-mail para dúvidas: ensino.espirita@gmail.com

Departamento de Cursos Abertos e Educação Continuada da Área de Ensino FEESP

Diretor: Sérgio dos Santos Silva

 

Almoço, lanchonte

Salão Emmanuel

 

MAPA DE LOCALIZAÇÃO

 

 

(Informações em email de Magali Bischoff)

 

 

 

 

 

 

 

 

Não consigo imaginar minha vida sem os ensinamentos do Cristo

 

 

ENTREVISTA COM HERMINIO MIRANDA EM CAXAMBÚ-MG

PUBLICADA NA FOLHA ESPÍRITA, SÃO PAULO, MARÇO/2003

(POR ISMAEL GOBBO)

 

HERMINIO MIRANDA EM CAXAMBÚ, MG

FOTO POR D. INEZ, SUA ESPOSA

 

 

 

 

O respeitado escritor Hermínio Miranda tem cerca de 40 Livros publicados. Seus direitos autorais dedicou-os às obras assistenciais  – da FEB, do Lar Emmanuel (Correio Fraterno do ABC), do Caminho da Redenção, do Centro Espírita Amantes da Pobreza (O Clarim), do Centro Espírita Léons Denis, e da favela à qual, ele próprio, presta assistência. Na mocidade, escreveu ficção, foi premiado em concursos literários e recebeu crítica lisonjeira de Eloy Pontes ( O Globo), Monteiro Lobato e Agripino Griecco (estes dois em carta ao

autor), mas compreendeu, desde logo, que seu compromisso era outro. De fato, muitas de suas obras foram dedicadas ao meio espírita, mas depois atingiram o publico em geral. Embora tenha alguns best-sellers, não tem idéia do número de exemplares vendidos. Quanto aos temas, ele crê sejam inspirados Pelos Amigos Espirituais. Ponderado, lembrou que “não há uma rejeição ou indiferença em relação ao Espiritismo, especificamente, mas à realidade que a Doutrina Espírita ordenou e colocou com simplicidade e elegância”. Em sua análise, “o Espiritismo continua sendo um movimento minoritário, até mesmo no Brasil, justamente considerado o país mais espírita do mundo”. Segundo observa, “a massa maior das pessoas ainda prefere uma das numerosas religiões institucionalizadas e tradicionais”.

Sereno, não se sente atraído por debates e polêmicas. “Está Claro, para mim, que o  Espiritismo tem sua vertente filosófica, Científica e religiosa”. Confiante, não teme o confronto entre Religião e ciência, afi.nal, Allan Kardec teve a corajosa serenidade de ensinar que a Doutrina está  preparada para essa união.

 

 

 

FE Qual a formação profissional do senhor?

HCM – Minha formação profissional é em Ciências Contábeis, função que exerci na Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, a partir de 1948, em Nova York (entre 1950 e o fi.nal de 1954) e, posteriormente, no Rio de Janeiro, de 1957 a 1980, quando me aposentei. Devo acrescentar que no decorrer dos últimos 22 anos, estive sempre no exercício de cargos executivos no primeiro escalão da empresa ou no segundo.

 

FE  Quando e como foi que o senhor fez sua opção pelo Espiritismo?

 

HCM – Não fui levado ao Espiritismo por crise existencial ou sofrimento, mas pela insatisfação com os modelos religiosos à minha opção. Alguém – mergulhado em transe anímico regressivo – me diria mais tarde que eu não aceitava tais propostas porque, de alguma forma que não me foi explicada, eu sabia que ali não estava a verdade que eu buscava. Essa atitude de reserva e até de rejeição contribuiu, acho eu, para retardar minha descoberta da realidade espiritual.

Um episódio irrelevante em minha vida desencadeou o processo. Eu quis, no entanto, entrar pela porta da frente. Consultei, para isso, um amigo de minha inteira confiança e ele me indicou com primeira leitura os livros da Codificação. Acrescentou os nomes de Gabriel Delanne e de Léon Denis e me disse, como que profeticamente: “Daí em diante, você irá sozinho”.  A surpresa começou com O Livro dos Espíritos. Inexplicavelmente, eu tinha a impressão de haver lido aquele livro antes, mas onde, quando? Antecipava na mente o conteúdo de numerosas respostas . Anos depois, ficaria sabendo que outras pessoas viveram experiência semelhante, entre elas, o respeitável e amado dr. Bezerra de Menezes. 

 

FE — Desde quando o senhor escreve sobre o Espiritismo?

 

HCM –Foi a partir de 1958, quando comecei a escrever regularmente para o “Reformador” e, em seguida, para outras publicações doutrinárias. Permaneci como colaborador assíduo do órgão oficial da FEB  até 1980. Meus textos eram assinados nessa primeira fase, com as iniciais HCM. Posteriormente, o amigo dr. Wantuil de Freitas, presidente da FEB, me pediu que arranjasse um pseudônimo para evitar que dois ou mais artigos saíssem com o mesmo nome em um só número da revista. Foi assim que “nasceu” “João Marcos”. A partir de 1976 começaram a sair os livros. Diálogo com as sombras foi o primeiro. Para alegria minha, foi bem recebido.

 

FE — E quais os de sua preferência?

 

HCM – Creio ser difícil para qualquer autor dizer de que livro ou livros gosta mais. É como perguntar a um pai ou mãe, qual ou quais os filhos e filhas de suas preferências. Penso que a gente gosta de todos por motivos diferentes. Tanto quanto é possível considerar minha obra com um mínimo de objetividade e isenção, gosto de Nossos filhos são espíritos, pela surpreendente aceitação que encontrou dentro e fora do movimento espírita, o que também aconteceu com Autismo – uma leitura espiritual.  Livros como Cristianismo – a mensagem esquecida, As marcas do Cristo, O evangelho gnóstico de Tomé, Os cátaros e a heresia católica, pela forte ligação emocional que tenho com a temática do cristianismo primitivo. Sobre as explorações intelectuais em território fronteiriço com o do Espiritismo, citaria A memória e o tempo, Alquimia da Mente e, novamente, por motivação diferente da anterior, Autismo – uma leitura espiritual. Como se vê, isto não é propriamente uma lista de preferências, mas uma análise de cada grupo de livros, classificados em assuntos de minha preferência. Sobre a qualidade e o conteúdo dos livros, no entanto, prefiro que fale o público leitor.

 

 

FE — O senhor tem algum projeto literário em andamento?

 

HCM – Tenho dito escrever meus próprios livros do que traduzir os alheios. É verdade, mas, ás vezes me vejo envolvido numa tradução, motivado por fatores que diria imponderáveis, circunstanciais ou subjetivos. Acho que projetos o escritor sempre os tem. Eu também; talvez mais do que deveria ou poderia ter. No momento, traduzo The sorry tale, discutido livro mediúnico da autora espiritual que se identificou como Patience Worth, ao escrevê-lo através da médium americana conhecida como Sra. Curran, a partir de 1918. Além de ser um fenômeno literário, a história se passa no tempo do Cristo, da noite em que ele nasceu até o dia em que foi crucificado. É espantoso o conhecimento que a autora espiritual revela da época: a geopolítica, os costumes, a sociologia, a religião, a história e tudo o mais. O tratamento respeitoso e amoroso que ela dá figura de Jesus é comovente. O livro é considerado um fenômeno exatamente por esse grau de erudição histórica e pelo fato de ter sido escrito num inglês um tanto arcaico, o elizabetano do século 17, que faz lembrar Shakespeare e, por isso mesmo, um desafio para o tradutor. A entidade justifica essa linguagem arcaica exatamente para provar que a obra não era da médium, uma jovem senhora dotada de escassos conhecimentos.

 

 

FE — Seu livro mais recente – Os cátaros e a heresia católica – aborda uma doutrina medieval bastante parecida com o Espiritismo. Diga-nos algo sobre isso.

 

HCM – O estudo sobre os cátaros esteve em minha agenda cerca de 25 anos. Até que chegou o momento em que a própria obra “entendeu” que chegara a hora de ser escrita. Em parte, porque o tema exigia extensas e aprofundadas pesquisas na historiografia especializada francesa. Além disso, procurei sempre obedecer nos meus estudos uma escala de prioridades.  Não há dúvida de que o catarismo foi um dos mais convincentes precursores do Espiritismo. Antes dele, o mais promissor e bem articulado foi o movimento gnóstico. A inteligente doutrina cátara foi elaborada a partir do Evangelho de João, de Atos dos Apóstolos e das Epístolas, principalmente as de Paulo. Tive algumas surpresas como a de encontrar referências ao Consolador, que, com tanto relevo figura na Doutrina dos Espíritos. E mais: reencarnação, comunicabilidade entre as duas faces da vida, o despojamento dos cultos, sem rituais e sem sacramentos a não ser o do “consolamentum”. Seu propósito era o de um retorno à pureza original do Cristianismo. E por isso, morreram nas fogueiras da Inquisição…

 

 

FE — Sabe-se de sua limitada atividade como orador, expositor, palestrante ou conferencista. Por que isso?

 

HCM – Considero-me orador medíocre. E nem me esforcei em desenvolver esse improvável talento, por duas razões: Primeira – sempre sonhei e desejei tornar-me escritor. Sinto-me à vontade com as letras. Segundo – que, no meu entender, não faltam bons oradores, expositores e conferencistas no meio espírita. Eu nada teria a acrescentar ao excelente trabalho que eles e elas têm feito nesse sentido.

 

 

FE — Como tem sido sua atividade em grupos mediúnicos?

 

HCM – Durante quase 40 anos participei de trabalhos mediúnicos em pequenos grupos. A parte  mais importante de minha obra surgiu da experiência adquirida nessa tarefa. Sou grato aos amigos espirituais que guiaram meus passos nessa nobre e difícil atividade, bem como aos companheiros encarnados – médiuns e demais participantes – e às numerosas entidades com as quais dialogamos no correr de todo esse tempo. Costumo dizer com toda sinceridade e convicção que muito mais aprendi com os chamados “obsessores” do que lhes ensinei, se é que o fiz.

 

 

FE — Dispomos hoje de computadores, Internet, e-mail e outras tecnologias destinadas a facilitar a pesquisa. De que forma o senhor deu conta de seu trabalho sem o aparato de hoje?

 

HCM – O computador me tem sido valioso instrumento de trabalho. Não tanto nas pesquisas, mas na tarefa mesma de escrever. No tempo da falecida máquina de escrever, os textos eram penosamente datilografados, corrigidos à mão ou na própria máquina e posteriormente passados a limpo, duas ou três vezes.  Não uso muito a Internet para pesquisa, a não ser quando se torna necessária alguma informação adicional especializada. Ou quando à cata de livros. Isso porque, no meu entender, nada substitui o livro como objeto de estudo, consulta e citação. Obras como as que escrevi  sobre o autismo, por exemplo, ou sobre os cátaros ou Alquimia da mente, exigiram preparo maior que só uma boa bibliografia em várias línguas poderia suprir. Em suma: por mais que os entendidos da informática desaprovem, o computador é, para mim, uma excelente e sofisticada máquina de escrever.

 

 

FE — Qual deve ser a postura espírita ante a antiga dicotomia e até confronto entre religião e ciência?

 

De serenidade e confiança. Não há o que temer. Ao lado de cientistas que têm procurado minimizar ou até demolir aspectos fundamentais da realidade espiritual, temos também, outros tantos que produziram e continuam a produzir impressionante volume de trabalhos científicos que demonstram a validade do modelo adotado pela Doutrina dos Espíritos. Dizem nossos amigos advogados, que o ônus da prova cabe a quem acusa. Que se prove, então, que essa realidade é uma balela ou uma fantasia. Kardec teve a corajosa serenidade de ensinar que a Doutrina teria de estar preparada até para mudar naquilo que fosse demonstrado estar em erro. O que não aconteceu em quase século e meio. Deixou igualmente claro que o Espiritismo é uma doutrina evolutiva e, portanto, aberta e atenta a todos os ramos do conhecimento. Ou seja, não deve deixar-se congelar dentro de um rígido modelo ou procedimento que o isole do que se passa “lá fora” de seu território ideológico.

 

 

FE Assuntos como  clonagem, que vêm ganhando espaço na mídia, devem ser tratados pelos espíritas?

 

HCM – Não tenho dúvidas de que a temática da clonagem nos interessa para estudo e tomada de posição, mesmo porque perguntas sobre esse fenômeno estão sendo dirigidas a nós. “O que você acha disso?” – perguntam-nos.  Em artigo intitulado “Xerox de gente” (“Reformador”, julho de 1980) cuidei do assunto, bem como, em outras oportunidades, da criogenia e do transplante. Este, por exemplo, foi tema proposto por Deolindo Amorim, em estudo, do qual participei, no Instituto de Cultura Espírita.   Antes disso, em dois artigos intitulados “O homem artificial”, publicados no antigo “Diário de Notícias”, do Rio, entendia eu o seguinte, em conclusão “…o que se chama um tanto pomposamente de criação do homem em laboratório, se reduz, a uma análise fria do problema, à criação de condições materiais à atuação de um espírito reencarnante.” (Ver De Kennedy ao homem artificial, de Luciano dos Anjos e meu, FEB 1975, p. 285). O problema, portanto, situa-se no açodamento irresponsável de interferir nos mecanismos naturais testados, aprovados e consolidados ao longo dos bilênios. Irresponsável porque não estão sendo levados em conta os aspectos éticos necessariamente envolvidos em tais pesquisas. Pensa-se, por exemplo, em criar com a clonagem, um “estoque” de “peças de sobressalentes” destinadas a repor as que se desgastarem pelo uso e abuso praticados no corpo da pessoa que forneceu o material genético A técnica de congelar cadáveres – criogenia – parte do pressuposto de que a ciência venha a desenvolver no futuro, procedimentos e medicamentos capazes de curar as mazelas de que morreram as pessoas. E os espíritos? “Onde” ficam? Sob que condições? Até quando? Disso, ninguém cuida, pois a entidade espiritual acoplada àquele corpo é totalmente ignorada. Por ignorância mesmo, aquela que não sabe e não quer saber, por mais cultos que sejam os que realizam tais experimentações.  Sobre esse tema, escrevi, ainda, há cerca de 30 anos – não tenho, no momento, como precisar a data – um artigo intitulado “Uma ética para a genética”—uma espécie de pressentimento sobre o que estamos agora testemunhando.  Em resumo: os espíritas devem, sim, acompanhar a movimentação de idéias, fatos, estudos e pesquisas, no mínimo para se informarem do que se passa e para que continuem confiando nas estruturas doutrinárias que adotaram.

 

 

FE — Gostaríamos que falasse sobre Chico Xavier e seu papel no contexto espírita.

 

HCM – Não há muito que dizer. Chico é uma unanimidade. Portou-se com bravura e digna humildade. Anulou-se como pessoa humana, para que por ele falassem seus numerosos amigos espirituais. Não há dúvida de que ampliou os horizontes desvelados pela Doutrina dos Espíritos, sem por em questionamento nenhum de seus princípios básicos; pelo contrário, os confirmou, sempre olhando para frente. O trabalho que nos chegou através dele demonstra que se pode expandir os horizontes da Doutrina dos Espíritos sem a mutilar.

 

 

FE — Que acha o senhor do movimento espírita brasileiro? Vai bem?

 

HCM — Não me considero com autoridade suficiente para uma avaliação do movimento espírita. Por contingências profissionais, não me foi possível participar dele como o desejaria, mas não apenas por isso. Tive de fazer uma opção e toda opção tem certo componente limitador, porque exclui outras. Minha prioridade era escrever. Isso tem sido uma espécie de compulsão, por ser, creio eu, a principal tarefa que me teria sido confiada ao me reencarnar. E para escrever, você precisa ler, ler muito, estudar, pesquisar, meditar, organizar suas idéias e expô-las de modo consistente. Não me teria sido possível fazer tudo isso em adição ao intenso trabalho profissional e às tarefas que, porventura, me fossem confiadas no movimento.

 

 

 

FE — Os princípios básicos da Doutrina Espírita já eram conhecidos na Antiguidade. Quais as civilizações que mais contribuíram para a formação desse patrimônio cultural?

 

HCM – A pergunta é muito ampla para as limitações de uma simples entrevista. É certo, porém, que os fenômenos de que se ocupa a doutrina são tão antigos quanto o ser humano. O aspecto que me parece mais relevante, neste caso,  é o de que a realidade espiritual sobre a qual se assenta a Doutrina dos Espíritos já estava contida nos ensinamentos de Jesus e foi ele próprio que dirigiu a equipe que trabalhou com Kardec.  

 

 

 

FE — Como o senhor considera o papel de Allan Kardec na elaboração dos livros básicos da Codificação?

 

HCM – Seria ocioso repetir o que já sabemos. O papel dele foi fundamental na elaboração dos livros básicos. Sua percepção da relevância do que estava acontecendo com as mesas girantes, sua capacidade para ordenar todo o material que lhe foi entregue, digamos, em estado bruto, em simples cadernos de anotações e a sensibilidade para formular suas perguntas dentro de um esquema racional e seqüencial, evidenciam o acerto de sua escolha para delicada tarefa.

 

 

FE — Fala-se e se escreve muito no meio espírita sobre os três aspectos da Doutrina dos Espíritos. Qual a sua posição nessa questão?

 

HCM – Não me sinto atraído por debates ou polêmicas, como o que às vezes se armam em torno de questões como essa. Está claro, para mim, que o Espiritismo tem sua vertente filosófica, a científica e a religiosa. Ao falar sobre isso, tenho em mente Religião com maiúscula; com todo o respeito devido, não me refiro às várias denominações cristãs contemporâneas. Mesmo porque o Cristo não fundou religião alguma – ele se limitou a pregar e exemplificar uma doutrina de comportamento, ou seja, como deve o ser humano portar-se perante o mundo, a vida, seus semelhantes e, em última análise, diante de si mesmo e da divindade. Ao que sabemos, jamais o Cristo cogitou de saber se sua doutrina devia ou não ser caracterizada como religião. E, no entanto, é religião, no seu mais puro e amplo sentido, de vez que cuida de nossa relação com as leis divinas. Minha opção prioritária, por assim entender, é pelo aspecto religioso do Espiritismo, sem, contudo, ignorar ou minimizar os demais. Nada tenho e nem poderia ter, contra os que pensam de modo diferente. Não vejo como nem por que disputar coisas como essa. Tenho eu de desprezar, combater, hostilizar, odiar e até eliminar aquele que não pensa exatamente como eu?  Se você prefere cuidar do vetor científico ou do filosófico, tudo bem. Solicitado, certa ocasião, a um pronunciamento dessa natureza, entreguei pessoalmente ao eminente e saudoso companheiro dr. Freitas Nobre, um pequeno texto sob o título “Problema inexistente”, que ele mandou publicar em “Folha Espírita”. Por que e para quê todo esse debate? Começa que a posição a ser assumida ante o problema depende da conceituação preliminar do que se entende por religião. De que tipo de religião estaríamos falando? 

 

 

 

FE — Como o senhor situa o pensamento do Cristo no contexto da Doutrina Espírita?

 

HCM – Kardec sabia muito bem o que fazia ao adotar a moral do Cristo. Afi.nal de contas e, ainda repercutindo a temática da pergunta anterior, o Espiritismo nos pede mais, em termos de comportamento e reforma íntima, do que a ciência e a filosofia. Há quem me considere místico, mas o rótulo não me incomoda; ao contrário, acho-o honroso e o aceito assumidamente. Não consigo imaginar minha vida – e a vida, em geral – sem os ensinamentos do Cristo. Como sou um obstinado questionador, tenho, pelo menos, duas perguntas a formular: “Que é ser místico?” E, antes dessa: “O que é misticismo?” Um amigo meu, muito querido, costumava dizer-me isso, naturalmente, sem a mínima conotação crítica, como quem apenas enuncia um fato. Regressou antes de mim ao mundo espiritual. Passado algum tempo, manifestou-se em nosso grupo mediúnico e entre outras coisas, me disse: “Você é que estava certo.”

 

 

FE — Deixamo-lo à vontade para algo mais que queira acrescentar.

 

HCM – Certa vez fui convidado por uma freira, amiga da família, para um encontro com seus alunos de teologia numa universidade brasileira. No dia e hora marcados, lá estava eu. Ela é doutora em teologia e sabia, naturalmente, de minhas convicções, e foi por isso mesmo que me convidou, concedendo-me oportunidade de verificar o quanto sua mente é arejada e despreconceituosa.  Perguntei-lhe sobre o que ela desejava que eu falasse. Ela propôs dois pontos: a reencarnação e como o Espiritismo considerava a figura de Jesus. Dito isso, foi sentar-se modestamente entre seus alunos e, como eles e elas, formulou várias perguntas. Passamos ali, umas duas horas numa conversa fraterna, animada e desarmada.

Digo que ela escolheu bem os temas, porque, na minha maneira de ver, a reencarnação é o cimento que mantém os diversos aspectos da realidade espiritual consolidados num só bloco. Uma vez admitida a reencarnação, tudo o mais se encaixa no seu lugar com precisão milimétrica. Isso porque, sendo como é uma realidade por si mesma, uma lei natural e não objeto de crença ou de fé, a reencarnação pressupõe existência, preexistência e sobrevivência do ser à morte corporal, bem como a lei de causa e efeito, que regulamenta nossas responsabilidades perante a vida. Mais: a reencarnação exclui do modelo dito religioso, qualquer possibilidade ou necessidade de céu, inferno ou purgatório como “locais” onde se gozam as benesses da vida póstuma ou se sofrem as conseqüências de erros e equívocos cometidos.  Do ponto de vista da teologia dita cristã contemporânea, portanto, a reencarnação é uma doutrina subversiva, no sentido de que desmonta todo um sistema teórico de idéias e conceitos tidos por irremovíveis.

Quanto ao Cristo, não há o que discutir, é a mais elevada entidade que passou pela terra.

Acho que a ilustrada irmã gostou da minha fala, dado que algum tempo depois, me convidou novamente, desta vez para falar a um grupo de sacerdotes católicos já ordenados e seminaristas em fi.nal de curso. Que também foi uma conversa amena, fraterna e franca

 

 

 

 

 

HERMINIO MIRANDA AO COMPUTADOR.  

FOTO POR SUA ESPOSA D. INEZ, EM CAXAMBÚ, MG

 

 

 

 

 

 

 

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Editoração e envio:

Ismael Gobbo, Araçatuba, SP;

Gislaine Pascoal Yokomizo e Leonardo Yokomizo, Jacareí, SP

 

 

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