Atirar Pedras (Ismael Gobbo)

“Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse:

Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que

lhe atire pedra”. (João 8: 7)

 

A lição do Evangelho de João conhecida como a da “mulher adúltera” tem sido, ao longo dos séculos, tema inspirador de religiosos, literatos e artistas e se inscreve como uma das mais belas e expressivas lições que Jesus legou à posteridade.

O episódio narrado pelo discípulo amado ocorreu em uma pregação na velha Jerusalém:

“ De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.

Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,

disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.

E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas: tu, pois, que dizes?

Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.

Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra.

E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.

Mas ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.

Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: mulher, onde estão aqueles teus acusadores? ninguém te condenou?

Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Então lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno: vai, e não peques mais.”

Os ensinamentos que emergem desses versículos, aparentemente simples, são de inesgotável profundidade e raríssima beleza.

Um deles é quando Jesus insiste na revogação de ditames da conhecida Lei de Talião, ou do olho por olho, dente por dente, instituídos por Moisés com a finalidade de inibir a prática de crimes contra a vida e os costumes que, no caso do adultério, preceituavam a pena de morte pelo apedrejamento.

É inegável que o adultério está inscrito na relação dos Dez Mandamentos como conduta que o homem e a mulher devem se esforçar em não incorrer, porque manifestamente contrário à Lei de Amor; todavia, a punição com a pena capital, como ditava o código mosaico, fazia parte de uma legislação humana, que, em nenhum momento, Deus consagrou, e Jesus não vacilou em abolir.

Também de transcendental importância é o convite que o Mestre endereça àqueles que se julgam no direito de atirar pedras ao semelhante a fazerem uma pausa para meditação, analisarem-se introspectivamente e, revisando os próprios atos, pesarem sobre a justeza de um veredicto condenando o procedimento de seu próximo.

Fica claro, na inteligentíssima resposta de Jesus aos escribas e fariseus, que, na realidade, queriam mesmo incriminá-lo, que os defeitos e imperfeições humanos são de diversas ordens e, se uma pessoa não incorre no erro alheio que julga, no caso em exame o adultério, pode estar incursa em outros delitos, que, muitas vezes tolerados pela óptica da sociedade, apresentam-se com resultados muito mais nocivos ao daquele que reputa intolerável.

É a prodigalidade que nós, humanos, temos, consoante fez Jesus observar, de enxergarmos com muita facilidade o argueiro no olho do próximo, olvidando a trave que trazemos em nossas próprias vistas.

Quando Jesus diz à mulher adúltera “nem eu tampouco te condeno: vai e não peques mais”, ensina-nos a termos indulgência para com o próximo e que, ao invés de aplicarmos a lapidação moral, devemos ofertar uma palavra amiga, uma ajuda sincera para que a criatura desperte e busque o caminho reto que deixou à retaguarda.

Jesus deixa evidente que a reabilitação moral depende do esforço pessoal de cada um e, para tanto, o arrependimento efetivo é o primeiro passo e que ninguém, ainda que investido da chamada “autoridade religiosa”, tem poderes para perdoar pecados de quem quer que seja ou condená-los, como se eleito fosse para a função de julgador.

A Doutrina Cristã pugna pelo respeito absoluto entre as criaturas; prega que somos filhos de um mesmo Pai, que é Deus; demonstra que não devemos nos esquecer que um chamado “pecador”, segundo nossa maneira de ver, é um irmão nosso que reclama compreensão, respeito, solidariedade, tolerância, direcionado para o progresso como todas as outras criaturas de Deus e que o nosso exemplo, na luta por reverter atitudes, é sempre a melhor prescrição.

Corrupção, por Richard Simonetti

O que o espiritismo tem a dizer sobre corrupção

Richard Simonetti

1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?

A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.

2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país.

A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.

3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?

Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.

4 – E quanto ao Espiritismo?

Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.

5 – E a segunda frente?

Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.

6 – Essa advertência está presente em todas as religiões, sem muita ressonância na alma dos fiéis. Por que o Espiritismo seria mais convincente?

As noções das religiões tradicionais sobre a vida espiritual são fantasiosas. Falam das coisas do Além, a partir de especulações dos que vivem na Terra. O Espiritismo fala a partir de informações dos que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano. O saber é sempre mais incisivo do que o imaginar.

7 – Qual seria o castigo da corrupção?

Diz Dante, em A Divina Comédia, que os adeptos do princípio com dinheiro, qualquer não vira um sim, vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.

8 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?

Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.

Deus, por Richard Simonetti

Por Richard Simonetti

1 – Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec aborda como tema inicial a existência de Deus. Alguma razão especial?

Deus é a idéia primeira, a base de nossas convicções religiosas e de nossa orientação moral. Sem um Criador com objetivos definidos para a Criação, sem uma meta a alcançar, a Vida perde o sentido.

2 – A existência de Deus é um princípio de fé, uma idéia religiosa. Não compromete a racionalidade em que se situa o Espiritismo?

O objetivo da Doutrina é exatamente dar à crença uma substância de racionalidade, como bem exprime o próprio Codificador na máxima: Fé verdadeira é aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas. Kardec instituiu o princípio da fé racional.

3 – Pesquisas constatam que perto de cem por cento dos brasileiros acreditam em Deus, na sobrevivência da alma e nas conseqüências das ações humanas. Essa crença parece não repercutir em seu comportamento. Prevalecem mentiras, traições, adultérios, corrupção, vícios, isso sem falar dos que se dedicam ao crime. Como explicar essa contradição?

A crença em Deus é algo superficial, distante para o homem comum. A própria noção de que há uma justiça divina, que premia os bons e castiga os maus, não chega a repercutir no comportamento dos religiosos.

4 – O Espiritismo consegue superar esse descompasso entre a crença e a vivência?

Sem dúvida. Num primeiro momento, a Doutrina racionaliza a idéia de Deus, a partir da resposta do mentor espiritual a Kardec, na questão número quatro: podemos provar a existência de Deus considerando que não há efeito sem causa. O Universo é um efeito inteligente. Forçosamente, tem uma causa inteligente.

5 – E num segundo momento?

Mostra-nos de forma clara e objetiva como é a Vida Espiritual e o que nos espera, se não atendermos à ordem universal, disciplinando nosso comportamento.

6 – Parece não haver espaço entre os cientistas para a idéia de um Criador. Concebem que o Universo construiu-se a si mesmo, atendendo às leis que o regem.

Incrível que pessoas tão inteligentes desenvolvam raciocínios tão simplistas! Se o Universo criou-se a si mesmo, atendendo às leis que o regem, quem fez essas leis, quem as sustenta, quem as faz funcionar? Como dizia Tomaz de Aquino, se tudo é movimento na Vida Universal, desde o verme que nas profundezas do solo o fertiliza, aos mundos que se equilibram no espaço, forçosamente há um motor parado, que sustenta essa movimentação. Por isso Voltaire, não obstante sua irreverência, proclamava: Se Deus não existisse seria preciso inventá-lo.

7 – Como é Deus, sob o ponto de vista espírita?

O Deus mostrado pelo Espiritismo é o mesmo pai generoso revelado por Jesus, que aponta caminhos, acenando-nos com um glorioso porvir.

8 – A tradição religiosa sugere um pai à moda de Moisés. Misericordioso com aqueles que o obedecem, não vacila em castigar com requintes de crueldade os desobedientes. É assim para o Espiritismo?

Deus não castiga ninguém. O suposto castigo divino, quando nos transviamos, é apenas uma reação da nossa própria consciência. Fomos programados para o Bem. Quando nos envolvemos com o mal é como se agredíssemos a nós mesmos, habilitando-nos a sofrimentos regeneradores.

Copa do Mundo

Por Ary Brasil Marques

Vai começar a Copa do Mundo. Todos ficam ligados à televisão, acompanhando com entusiasmo e nervosismo, os jogos de nossa seleção.

A Copa do Mundo é uma festa, que se repete de quatro em quatro anos.

O Brasil tem se destacado como grande campeão, e é entre todos os países que participam da competição o maior vencedor.

Antes do advento da televisão, vibrávamos com as narrações dos grandes locutores de rádio do passado, que entusiasmavam a população com transmissões cheias de patriotismo e de patriotadas. Como resultado, para nós o Brasil era o melhor time, o maior, imbatível como os super heróis do gibi. Na realidade, houve uma época de grande superioridade de nosso futebol, e o Brasil conseguiu vencer a Copa por cinco vezes. Essas conquistas ocasionaram um êxodo de nossos craques para o exterior, atraídos por fabulosos salários que os clubes europeus lhes ofereciam.

Hoje a televisão a cores e de alta definição chega em nossos lares com tal clareza e nitidez e os lances não oferecem margem de interpretações dos narradores. Todos podem conferir as jogadas duvidosas tantas vezes quantas forem necessárias. A evolução do futebol em todo o mundo fez com que nos dias atuais haja mais equilíbrio entre os diversos países, e as grandes equipes encontram rivais à altura em todos os continentes. Ficou muito mais difícil para os favoritos superarem os rivais, e isso veio certamente trazer mais emoção aos telespectadores que acompanham os jogos.

No Brasil, de norte a sul, as pessoas confiam sempre na seleção, e é costume ornamentar ruas e casas com as cores de nossa equipe. Muita gente cultiva o amor às suas cores com tal fanatismo que não se dá valor aos adversários, e se culpa juizes ou a má sorte em caso de derrota.

É muito bom torcer para a seleção brasileira, mas é preciso entender que tudo não passa apenas de um jogo de futebol. Ganhar ou perder não vai fazer o nosso país melhor ou pior.

Vencer nos dá muita alegria e faz o povo feliz, e perder para a maioria da população é um verdadeiro desastre.

Vamos acompanhar as transmissões, torcer bastante, mas não passemos do limite, aceitando também a superioridade dos adversários, quando elas existirem.

Como seres humanos, todos temos altos e baixos, e a glória das conquistas não deve fazer com que não se respeite o outro, de nacionalidade diferente da nossa.

Fortaleza, 06-06-2010

O Firme Posicionamento de Kardec

Por Orson Peter Carrara

“Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos. E isso é tudo. Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas, correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer .”- Allan Kardec.

Periodicamente o movimento espírita é abalado com discórdias, acusações e dificuldades de relacionamentos entre os próprios espíritas, culminando com a “roupa suja” lavada fora de casa em páginas da imprensa espírita. Isto em nada abala a Doutrina Espírita, pois se trata do comportamento do homem espírita, ainda distante da perfeição, pois que em busca do aperfeiçoamento moral.

E isto quando os fatos extrapolam para fora do ambiente onde os focos geradores da discórdia não puderam ser beneficiados pela mensagem clara do Evangelho. Mas e se buscarmos as situações localizadas de grupos que se separam, de ideais que “esfriam”, de companheiros que desertam, fruto das ambições e dificuldades morais que todos trazemos?

Em grupos pequenos ou grandes, em centros urbanos maiores ou em pequenas cidades interioranas, as dificuldades do relacionamento humano têm posto a perder grandes iniciativas que poderiam beneficiar muita gente. Infelizmente.

Mas, como agir? Como trazer de volta a concórdia, superar essas barreiras, vencer esses terríveis obstáculos?

Normalmente surgem pela disputa de poder ou pela imposição das idéias, todos porém como frutos diretos do egoísmo, inimigo do progresso já indicado pela revelação espírita. Interessante notar que são problemas de todos os tempos e lugares, dentro e fora do ambiente espírita, pois afinal trata-se de um problema humano e não exclusivo dos espíritas. Aqui analisamos a questão do movimento espírita em si, mas essas dificuldades estão em toda parte onde há a presença humana. Nota-se seus efeitos em todas as classes sociais, em todos os países, em qualquer idade ou família, em instituições, empresas e até mesmo nos conflitos psicológicos vividos na intimidade de cada um…

É o preço da inferioridade que ainda trazemos ou ainda, num melhor enfoque, um convite ao aperfeiçoamento individual (que redundará no melhoramento geral da sociedade) para que nos livremos desses entraves à tão esperada fraternidade que se espera viver na sociedade humana.

A cada ano, renovam-se os votos de paz e felicidade no ano novo, mas estas dependem do comportamento de cada um. Na soma dos bons propósitos colocados em prática.

Mas, onde fica a posição de Allan Kardec nesta questão?

Como agiria o Codificador em situações assim?

Em conferência pronunciada aos espíritas de Lyon e Bordeaux, na França, em l862, Allan Kardec expôs seu pensamento com muita clareza, demonstrando seu firme posicionamento frente aos melindres humanos. Ao examinar com profundidade as causas de certas animosidades, ele relaciona diversas situações geradoras de perturbações nos relacionamentos, citando os especuladores, os eternos descontentes, melindrosos, exaltados e outros tipos humanos, inclusive os inimigos declarados. Nos deteremos, porém, na situação escolhida para este trabalho: A censura endereçada ao Codificador, pelo comportamento de nada fazer para trazer de novo ao convívio aqueles que se afastam, por diversas razões. E aí enquadramos o movimento espírita e suas dificuldades, para citar e comentar sobre o texto inicial deste artigo.

Allan Kardec comenta de início que a censura procede e que a merece, pois jamais deu um único passo no sentido de trazer de volta os descontentes ou contrariados, apresentado seus motivos. E aqui, deixamos a palavra com ele mesmo, apresentando aos leitores pequena transcrição:

“(…) Aqueles que de mim se aproximam, fazem-no porque isto lhes convém; é menos por minha pessoa do que pela simpatia que lhes desperta os princípios que professo. Os que se afastam fazem-no porque não lhes convenho ou porque nossa maneira de ver as coisas reciprocamente não concorda. Por que então, iria eu contrariá-los, impondo-me a eles? Parece-me mais conveniente deixá-los em paz. Ademais, honestamente, carece-me tempo para isso. Sabe-se que minhas ocupações não me deixam um instante para o repouso. Além disso, para um que parte, há mil que chegam. Julgo um dever dedicar-me, acima de tudo, a estes e é isso que faço. Orgulho? Desprezo por outrem? Oh! Não! Honestamente, não! Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos. E isso é tudo. Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas, correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer, mesmo em razão do tempo que de mim reclamam as pessoas de boa vontade, e, depois, porque não empresto a certos indivíduos a importância que eles a si próprios atribuem. Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por seus sentimentos, nunca por sua posição social. Pertença ele às mais altas camadas da sociedade, se age mal, se é egoísta e negligente de sua dignidade, é a meus olhos, inferior ao trabalhador que procede corretamente, e eu aperto mais cordialmente a mão de um homem humilde, cujo coração estou a ouvir, do que a de um potentado cujo peito emudeceu. A primeira me aquece, a segunda me enregela. (…)”

Não acha o leitor que o posicionamento de Kardec cabe bem nas dificuldades atuais do movimento espírita?

Os apelos dos espíritos, sempre presentes nas mensagens convidam o espírita a unir forças e superar barreiras, pela Causa maior de Jesus, que espera nossa adesão aos programas do bem. O Evangelho indica o caminho e o estudo doutrinário, atento e continuado, é capaz de nos fazer enxergar que as tolas vaidades e infrutíferas disputas a nada levam, a não ser a preciosa perda de tempo…

A propósito, para indicação ao leitor interessado, a íntegra do discurso pronunciado por Kardec encontra-se no livro VIAGEM ESPÍRITA EM 1862, editado pela CASA EDITORA “O CLARIM”, entre outras valiosas palestras, por ocasião de viagem a serviço da divulgação doutrinária.

Publicado originariamente na Revista Internacional de Espiritismo, de fevereiro/2000

(Texto recebido em email de Leda Flaborea, São Paulo)

Registro: Realizado o 4º Encontro “A Arte na Educação do Espírito” (Araçatuba, SP)

Texto de Ivana Nobre Módena

LOCAL DO ENCONTRO: ALIANÇA ESPÍRITA VARAS DA VIDEIRA, ARAÇATUBA, SP

 

Atividades do dia:

8h- Recepção

8h30 – abertura

9h – Palestra com o Prof. Luiz Carlos Barros Costa

10h – Oficinas:

Oficina I:  Música – Construindo Instrumentos (com Tereza Irikura)    e

Oficina II: Dança – Expressão da Alma (com Luciana Esgalha)

11h – intervalo

11h20 – Apresentação das Oficinas

12h30 – Avaliação e Encerramento

 

 

Dia 13 de junho de 2010.

10 casas espíritas de Birigui e Araçatuba e o convidado especial de Fernandópolis:

Ave Cristo; Seara do Mestre; Luz e Fraternidade; Benedita Fernandes; Irmã Angélica; Nosso Lar; União Espírita Paz e Caridade; Casa do Caminho; Aliança Espírita “Varas da Videira” e Missionários de Luz.

 

36 representantes destas instituições encontram-se para harmonização íntima que os trabalhos de arte proporcionam a todos.

Nosso principal objetivo com a proposta da “Arte na Educação do Espírito” é justamente harmonizar os acordes da nossa alma para que nossa contribuição na Seara do Mestre Jesus possa ser cada vez aprimorada na solidariedade e fraternidade.

O que buscamos neste 4º encontro foi traçado pelos próprios participantes numa dinâmica para destacar os principais anseios do dia:

  • Aprimoramento
  • Conhecimento
  • Renovação
  • Subsídios
  • Harmonização
  • Amizade
  • Relacionamento
  • Equilíbrio
  • Amor
  • Ação

 

A partir dessa dinâmica tivemos para apresentação musical, que tocou fundo nossos corações, os irmãos Rodrigo na flauta e Felipe Irikura na viola,

 

A partir da vontade expressa dos participantes, da ambientação com que a música nos envolveu, fomos agraciados pela exposição entusiasta, segura e precisa do prof. Luiz Carlos Barros Costa, que traçou um paralelo do roteiro de JESUS – KARDEC E CHICO, como um caminho eficaz para a conquista da evolução do espírito imortal. Da busca constante  da elevação espiritual a que estamos sujeitos e que podemos alcançar mais rapidamente quando despertamos nossas consciências e expandimos nossas potencialidades a favor da vida, escolhendo a “parte boa” que Jesus através do encontro com Marta e Maria, nos sugere. Da convicção de Kardec pela escolha da “parte boa”, quando eleva seu compromisso com  os planos mais altos e nos revela o intercâmbio entre os mundos, nos fazendo crer na imortalidade da alma e no real sentido de nossas existências, sem contudo contar com os aplausos do mundo terreno. Lembrou-nos da dedicação de Chico Xavier em manter a escolha da “parte boa”, quando se dedica ao trabalho no bem e inicia seus primeiros acordes na mediunidade pelos caminhos da arte em forma de poesias, no livro Parnaso Além Túmulo. Apresentando-nos assim a fundamentação teórica da proposta do encontro e dando-nos subsídios para que a produção artística na casa espírita possa primar-se pelo processo do bem, do belo e do dever de sensibilizar as almas para o despertar de suas potencialidades.

 

No término de sua exposição fomos presenteados com uma mensagem mediúnica, recebida intuitivamente pelo médium Vilson Disposti, que transcrevemos a seguir:

“ARTE COM AMOR

Do infinito verte a Arte

Que Jesus parte

Em tua direção

À espera de tuas mãos.

Façam, meus filhos hoje

O esforço no trabalho

Sem que busquem qualquer atalho.

Para escreverem com calma

Mas com a força da própria alma

A Arte do Criador

Em nome do Supremo Amor.”

Afonso de Guilhen

 

Como previsto a segunda parte do encontro foi destinado a produção das oficinas: Música – Construindo Instrumentos e Dança – Expressão da Alma, sob a coordenação de Tereza Irikura e Luciana Esgalha, irmãs dedicadas, pacientes e alegres a nos incentivar nos primeiros acordes da alma.

 

Após um breve intervalo para carregar nossas baterias com o lanchinho coletivo, uma idéia econômica e prática, pudemos assistir a peça de teatro: “Água da Paz”, uma apresentação graciosa das crianças do departamento de evangelização infantil da União Espírita Paz e Caridade, sob a coordenação da nossa amiga Rennier Isique.

 

Brilhante também foi o tão esperado momento, a produção das oficinas de dança e música. Missão cumprida, que foi realizada com amor e harmonia nos corações presentes.

 

Caminhando para o final dos trabalhos, a USE – Araçatuba apresentou seu mais recente projeto: “Encontros Musicais”, uma parceria com o Projeto “Sopro Novo” da Yamaha Musical  para a iniciação musical através do aprendizado da flauta. Trata-se de uma proposta para disseminar a música para as casas espíritas, principalmente o trabalho com as crianças; e neste primeiro momento, os multiplicadores encontram-se no processo de treinamento, sob a monitoria da Dra. Tereza Irikura, responsável pelos ensaios.

Com um mês de ensaio, os integrantes apresentaram a música “Hino à Alegria” de Beethoven.

 

 

Para finalizar os trabalhos fizemos uma avaliação dos trabalhos, que nos permitiu responder os pontos marcantes do encontro, que ao final nos remeteu ao ponto comum: satisfizemos nossas buscas expressas no início dos trabalhos e firmamos o compromisso com o aprendizado do dia, através de ações concretas trabalharmos na multiplicação da abordagem nas respectivas casas que trabalhamos. Assim como foram feitas várias sugestões para aprimorar nossos trabalhos. Para que se tome conhecimento destas sugestões, afirmamos que as avaliações e lista de presença ficarão em anexo a esse documento.

 

Nossa querida companheira Ediná leu a motivação da avaliação:

 

O QUE FICOU?

De tudo ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando;

A certeza de que precisamos continuar;

A certeza de que seremos interrompidos, antes de terminar.

Portanto, devemos fazer:

Da interrupção, um caminho novo;

Da queda, um passo de dança;

Do medo, uma escada;

Do sonho, uma ponte;

Da procura, um encontro.

Fernando Pessoa

 

A Luzia, nossa fiel e dedicada amiga encerrou os trabalhos com a prece final,  conclamando a todos para o próximo encontro que será em 07 de agosto de 2010, na casa União Espírita “Paz e Caridade”, sábado, período da tarde.

 

Araçatuba, 13 de junho de 2010

Os 61 Anos da Aliança Espírita “Varas da Videira”

por Ismael Gobbo

O Surgimento

A Aliança Espírita “Varas da Videira” surgiu a partir de reuniões domiciliares que eram realizadas na casa do Sr. Francisco Martins Filho, na Rua Bandeirantes, 351.

No dia 21 de abril de 1949, o grupo deliberou que seria formado um núcleo para estudos e práticas da Doutrina Espírita, elegendo para tanto uma diretoria provisória assim constituída: Presidente, Francisco Martins Filho; Secretário, Sálvio Costa e, Tesoureiro, Paulo Noce. Convencionaram, também, que as reuniões passariam, a partir de então, a ser realizadas na casa do Sr. João Crivelin I, que foi o doador do terreno para a construção da sede própria, anexo à sua casa, na Rua Bernardino de Campos.

Uma segunda reunião foi realizada no dia 26 de abril, deliberando que o grupo realizaria em caráter experimental três reuniões semanais, duas práticas e uma teórica, nas terças-feiras, quintas-feiras e sábado. Foi definido o nome da entidade – Aliança Espírita “Varas da Videira” – e dada incumbência à diretoria provisória para redigir o Estatuto.

Em 6 de junho de 1949, na terceira reunião, ficou definido que a fundação seria no dia 11 de junho, com a leitura e aprovação do estatuto.
Finalmente, no dia 11 de junho de 1949, com a leitura e aprovação do Estatuto é definitivamente constituída a Aliança Espírita “Varas da Videira”.
A primeira diretoria definitiva foi eleita em 13 de agosto de 1949 com a seguinte formação: Presidente, Francisco Martins Filho; vice-presidente: Victor Bombonatti; primeiro-secretário, Sálvio Costa; segundo-secretário, Francolino Ribeiro e, tesoureiro, Paulo Noce.

Na assembléia de 29 de janeiro de 1950 foi formada uma Comissão para construção da sede própria, cuja conclusão se deu por volta de 1955.

A posição do “Varas da Videira”, localizado no centro da cidade foi, por muito tempo, sede de importantes eventos promovidos pelo movimento espírita de Araçatuba, além de oferecer suas instalações em prol dos trabalhos unificacionistas, especialmente da União Municipal Espírita.

Na Aliança, além das reuniões privativas são abertas ao público:
ESDE – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, às segundas-feiras as 20 hs;
EXPLANAÇÃO DO EVANGELHO E PASSE às terças-feiras, às 14hs, quintas-feiras, às 9hs, sextas-feiras, às 20hs e domingos às 8h45min.
EVANGELIZAÇÃO INFANTIL às sextas-feiras às 20hs
MOCIDADE ESPÍRITA aos domingos 10h 30min

Casa da Caridade

O tempo foi passando e, com as atividades doutrinárias e assistenciais crescendo, verificou-se a necessidade de ampliação do espaço físico, optando-se por fazê-la em um bairro pobre da periferia.

Coincidindo com a aspiração, a entidade recebeu um terreno no bairro Umuarama, através de doação feita por uma pessoa que pediu sigilo sobre seu nome. A partir daí outros importantes óbolos foram se somando, permitindo o erguimento de uma ampla construção, possibilitando a implantação de várias frentes de trabalho que, além de atender centenas de pessoas carentes, oferece preciosas oportunidades às dezenas de colaboradores. A inauguração se deu no dia 3 de novembro de 1990.

Inicialmente começou a ser servida a sopa aos sábados à tarde. Hoje a sopa é servida às segundas, quartas e sábado. Aos poucos, foram surgindo os vários cursos para atender as pessoas que querem e precisam aprender algo. Dentre eles destacamos: cursos de corte e costura, crochê, bordado, tricô, informática, alfabetização de adultos, gestantes, recebimentos e doações de roupas usadas e mantimentos. Ressalte-se que em todos os cursos, se faz a leitura e explanação do Evangelho. A reunião pública ocorre às terças-feiras às 20hs com explanação de perguntas de O Livro dos Espíritos e Evangelho seguidos da transmissão de passes.
E, assim, paulatinamente a Aliança Espírita “Varas da Videira” vai elaborando outros projetos de trabalho, não só para atender a grande comunidade de necessitados que buscam auxílio material, mas, sobretudo, oferecer-lhes o necessário esclarecimento espiritual oferecido pela Doutrina Espírita.

(Ismael Gobbo, Presidente da AEVV)

Literatura Espírita para Adolescentes

por Orson Peter Carrara

Havia uma lacuna imensa na literatura espírita: obras direcionadas especificamente para adolescentes. Esta fase bonita da vida, ao mesmo tempo questionadora e cheia de incertezas, inseguranças, mas também saturada da força, inteligência e dinamismo próprio dos jovens, sentia a ausência na literatura espírita de obras que atendessem aos anseios desse imenso público. Especialmente considerando os desafios que enfrentam quanto aos perigos dos drogas, dos vícios, dos conflitos com os pais e mesmo diante da afirmação pessoal.

Pois bem, um autor inspirado, também especializado na literatura infantil – com vários livros já publicados por diferentes editoras – resolveu a questão. Duas editoras lançaram obras do consagrado autor e especial amigo do Guarujá, no litoral paulista.

Eis que a Federação Espírita Brasileira publicou Fugindo para Viver, uma obra ilustrada, mas também comovente e atual. Uma obra que aborda imortalidade, comunicabilidade dos espíritos, mediunidade, vida espiritual, entre outros valiosos ensinos – como a valorização da amizade ou das virtudes em geral –, além, é claro, de seu objetivo principal: dirigir-se aos jovens, falando com clareza dos ensinos espíritas. E com que clareza!

É o que também acontece com a outra obra publicada pela Boa Nova: o primeiro da série A.N.J.O.S., onde cinco adolescentes da mesma classe se unem para realizar um trabalho de física, numa aventura emocionante que igualmente transmite os princípios espíritas e traz a realidade do mundo juvenil. A obra abre uma série que breve receberá a sequencia por meio de outras que virão. Sempre direcionada ao mundo juvenil.

O autor é o amigo Adeilson Salles, que já premiou o público espírita com romances, mensagens, reflexões e em especial obras maravilhosas destinadas às crianças. Toda a versatilidade do autor, com sua inspiração e rara habilidade no trato com as letras na elaboração de histórias que encantam e suavizam o coração. Desejo, inclusive, sugerir ao leitor pesquisar as demais obras do autor, principalmente se o leitor estiver envolvido de alguma forma com crianças, como filhos, sobrinhos ou alunos. Os livros do autor são mesmo uma preciosidade.

Desejo inclusive sugerir às instituições e coordenadores de estudos da infância e juventude para que utilizem esse precioso material. Ao mesmo tempo são ótimas sugestões para presentear. Não deixe, pois, de conhecer e divulgar tais obras.

Marca de Amor

enviado por Evelyn Spínola

Um menino tinha uma cicatriz no rosto, as pessoas de seu colégio não falavam com ele e nem sentavam ao seu lado, na realidade quando os colegas de seu colégio o viam franziam a testa devido à cicatriz ser muito feia.

Então a turma se reuniu com o professor e foi sugerido que aquele menino da cicatriz não freqüentasse mais o colégio, o professor levou o caso à diretoria do colégio.

A diretoria ouviu e chegou à seguinte conclusão:

Que não poderia tirar o menino do colégio, e que conversaria com ele, para que ele fosse o primeiro a entrar e o último a sair.Desta forma nenhum aluno via o rosto do menino, a não ser que olhassem para trás.

O professor achou magnífica a idéia da diretoria, sabia que os alunos não olhariam mais para trás. Levado ao conhecimento do menino da decisão ele prontamente aceitou a imposição do colégio, com uma condição:

Que ele compareceria na frente dos alunos em sala de aula, para dizer o por quê daquela CICATRIZ.

A turma concordou, e no dia o menino entrou em sala dirigiu-se a frente da sala de aula e começou a relatar:

– Sabe turma eu entendo vocês, na realidade esta cicatriz é muito feia, mas foi assim que eu a adquiri:

– Minha mãe era muito pobre e para ajudar na alimentação de casa minha mãe passava roupa para fora, eu tinha por volta de 7 a 8 anos de idade…

A turma estava em silencio atenta a tudo .

O menino continuou: além de mim, haviam mais 3 irmãozinhos, um de 4 anos, outro de 2 anos e uma irmãzinha com apenas alguns dias de vida.

Silêncio total em sala.

-… Foi aí que não sei como, a nossa casa que era muito simples, feita de madeira começou a pegar fogo, minha mãe correu até o quarto em que estávamos pegou meu irmãozinho de 2 anos no colo, eu e meu outro irmão pelas mãos e nos levou para fora, havia muita fumaça, as paredes que eram de madeira, pegavam fogo e estava muito quente…

Minha mãe colocou-me sentado no chão do lado de fora e disse-me para ficar com eles até ela voltar, pois minha mãe tinha que voltar para pegar minha irmãzinha que continuava lá dentro da casa em chama.

Só que quando minha mãe tentou entrar na casa em chamas as pessoas que estavam ali, não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha, eu via minha mãe gritar:

– “Minha filhinha está lá dentro!” Vi no rosto de minha mãe o desespero, o horror e ela gritava, mas aquelas pessoas não deixaram minha mãe buscar minha irmãzinha…

Foi aí que decidi. Peguei meu irmão de 2 anos que estava em meu colo e o coloquei no colo do meu irmãozinho de 4 anos e disse-lhe que não saísse dali até eu voltar.

Saí de entre as pessoas, sem ser notado e quando perceberam eu já tinha entrado na casa. Havia muita fumaça, estava muito quente, mas eu tinha que pegar minha irmãzinha.

Eu sabia o quarto em que ela estava. Quando cheguei lá ela estava enrolada em um lençol e chorava muito… Neste momento vi caindo alguma coisa, então me joguei em cima dela para protegê-la, e aquela coisa quente encostou-se em meu rosto…

A turma estava quieta atenta ao menino e envergonhada então o menino continuou: Vocês podem achar esta CICATRIZ feia, mas tem alguém lá em casa que acha linda e todo dia quando chego em casa, ela, a minha irmãzinha me beija porque sabe que é marca de AMOR.

Vários alunos choravam, sem saber o que dizer ou fazer, mas o menino foi para o fundo da classe e imovelmente sentou-se.

Para você que leu esta história, queria dizer que o mundo está cheio de CICATRIZES.

Não falo da CICATRIZ visível mas das cicatrizes que não se vêem, estamos sempre prontos a abrir cicatrizes nas pessoas, seja com palavras ou nossas ações.

Há aproximadamente 2000 anos JESUS CRISTO, adquiriu algumas CICATRIZES em suas mãos, seus pés e sua cabeça.

Essas cicatrizes eram nossas, mas Ele, pulou em cima da gente, protegeu-nos e ficou com todas as nossas CICATRIZES..

Essas também são marcas de AMOR.

Jesus te ama, não pelo que você é, mas sim por quem você é, e para Jesus você é a pessoa mais importante deste mundo.

Nunca se esqueça disso!

“Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo.

Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.”

O Direito do Homem

por Ary Brasil Marques

Um dos fatores que distingue os seres humanos dos animais é a faculdade que os mesmos possuem de pensar.

Penso, logo existo. Cada pessoa no planeta é livre para pensar e escolher o que quer para si em matéria de crença, de religião ou de postura diante da vida.

Algumas pessoas acreditam em Deus e na vida após a morte. Outras, não.

Há gente que segue os ensinamentos da Bíblia, outros do Alcorão, do Torá, de Buda, de Kardec ou de outros milhares de correntes religiosas ou filosóficas.

Temos a tendência de nos unir às pessoas que pensam como nós, formando grupos estanques e trazendo com essa prática uma imensa divisão entre os homens, contrariando fundamentalmente os ensinos de todos os grandes líderes religiosos. Jesus Cristo, o mais perfeito ser que passou por nosso planeta, deixou como ensino básico para todos nós o “amai-vos uns aos outros.”

Não há nada de errado no fato das pessoas se agruparem por afinidade e maneira parecida de pensar, desde que ame também o próximo diferente sem qualquer condição, respeitando cada um o direito e o pensamento do outro.

Grande parte das pessoas que se une em organizações religiosas transforma sua religião em verdadeiro clube de futebol, e o fanatismo delas se iguala a dos violentos torcedores que agridem os adeptos de outras agremiações.

Voltaire nos deixou uma frase célebre: “Posso não concordar com nenhuma palavra do que você está dizendo, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las.”

Somos todos irmãos, filhos do mesmo Deus. Somos livres para pensar e temos o direito de escolha do caminho que devemos seguir.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem dá a todo ser humano o direito de pensar livremente. É claro que a população da Terra é heterogênea e a unanimidade é impossível, e cada pessoa pensa e age de acordo com o seu atual estágio evolutivo.

Respeitemos o outro. Mais do que isso, amemo-lo como nosso verdadeiro irmão, pois ele o é, mesmo não pertencendo à nossa grei ou religião.

SBC, 29/05/2010.

Escravo do Elogio, por Wellington Balbo

Renato começava a se destacar no palco da vida.

Eram aplausos, elogios, tapinhas nas costas, bajulação…

Não tardou para que o pomposo rótulo de estrela aparecesse como uma espécie de sobrenome.

Sua opinião era sempre respeitada, suas frases tornavam-se chavão e seu comportamento começou a ser imitado por infindável número de pessoas.

Logo, Renato por ser tão requisitado começou a sentir-se o Dono do Mundo.

Passou a considerar-se insubstituível.

Um “Escolhido”, era assim que se intitulava.

Embriagado pelos elogios, passou a ter devaneios, julgava-se infalível e queria moldar todos a seu modo.

Quem não pensasse como ele estava errado.

Quem não lhe imitasse estava “fora de moda”.

Seu jeito de falar – O Melhor.

Sua maneira de ser – A mais Adequada.

Seu sorriso – O mais Bonito.

Suas frases prediletas eram:

– Eu disse, eu avisei.

– Se todos fossem como eu o mundo estaria melhor.

– Para as coisas darem certo, vocês têm que ser como eu sou.

Não percebeu que assim perdia sua identidade e dava largo passo à loucura.

Algum tempo depois, o povo e a mídia elegeram outro ídolo.

Renato ficou órfão da bajulação, mas não perdeu a pose, continuou querendo moldar todos que o rodeavam.

Foi perdendo amigos, namorada, o emprego…

Familiares afastaram-se por não mais quererem conviver com sua arrogância.

Hoje, Renato tenta colher aplausos de seus colegas no hospício em que está internado…

O mundo aplaude, mas também apupa.

Os elogios são sementes lançadas ao solo de nosso coração que devem ser cultivadas com todo cuidado.

Quem, à semelhança de Renato, deixa-se arrastar pelos elogios perdendo as noções da realidade a considerar-se acima do bem e do mal, habilita-se ao desequilíbrio.

Mais prudente encará-los como estímulos para que melhoremos cada vez mais.

Diz o dito popular: canja de galinha não faz mal a ninguém.

Seguindo as recomendações do adágio popular, nosso Chico Xavier, prudente como um sábio, dizia ser apenas uma formiguinha, das menores, que anda pela Terra cumprindo sua obrigação.

O médium agindo assim livrava-se dos inconvenientes de sentir-se a cereja do bolo.

Espíritos mais adiantados como Chico tem plena consciência do estágio evolutivo em que estão. Encaram, portanto, os elogios como estímulos para o prosseguimento de sua missão, nada além disso.

São muitos casos de gente que conheceu holofotes e aplausos e aprisionaram-se a eles.

Quando cessaram os tapas nas costas caíram em depressão.

Faltou a eles o reconhecimento de que somos uma formiguinha, das menores, que anda pela Terra cumprindo nossa obrigação.

Chico sabia disso.

Para nosso equilíbrio é bom aprendermos também.

Pensemos nisso

Há Exatos 30 Anos, na Globo

email enviado por Samuel Lima

No dia 23 de maio de 1980, às 21 horas, a TV Globo levou ao ar para todo o Brasil, dirigido pelo uberabense e espírita Augusto César Vannucci, um dos mais belos programas já produzidos na televisão em homenagem a alguém. UM HOMEM CHAMADO AMOR, o nome do programa que surgia como apoio e divulgação à campanha do Prêmio Nobel da Paz para Chico Xavier.

O Especial emocionou o povo brasileiro.

Artistas dos mais expressivos do Teatro e da Música participaram com grande brilhantismo e, entre eles, destacamos Tony Ramos, Elis Regina, Lady Francisco, Nair Bello, Glória Menezes, Lima Duarte, Paulo Figueiredo, Vanusa, Eva Vilma, Felipe Carone, Roberto Carlos…

Gilberto Gil compôs em homenagem ao Chico a música No Céu da Vibração, que Elis Regina interpretou como só ela poderia ter feito.

Ao final, Chico psicografou diante das câmeras belíssima página de Emmanuel, aqui inserida, sintetizando o tema abordado ao longo de todo o programa, que, diga-se de passagem, alcançou altíssimos índices de audiência.

Eis a mensagem de Emmanuel:

Amigos, Jesus nos abençoe.

A inteligência humana conseguirá atingir as maiores realizações.

Poderá conhecer a estrutura de outros mundos.

Construir no piso dos mares.

Escalar os mais altos montes.

Interferir no código genético das criaturas.

Decifrar os segredos da vida cósmica.

Penetrar os domínios da mente e controlá-los.

Inventar os mais sofisticados aparelhos que propiciem o reconforto.

Criar estatutos para o relacionamento social e transformá-los, segundo suas próprias conveniências.

Levantar arranhacéus ou materializar as mais arrojadas fantasias.

Entretanto, nunca poderá alterar as leis fundamentais de Deus e nem viver sem amor.

O jornalista Arthur da Távola, sob a inspiração da Campanha do Prêmio Nobel a Chico Xavier, escreveu nas páginas do jornal O Globo, em 26 de maio de 1980, o que consideramos um dos melhores artigos produzidos sobre o médium na imprensa leiga.

A FIGURA DE COMUNICAÇÃO DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Independente de qualquer posição pessoal, crença ou conviccção, a figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier percorre décadas da vida brasileira, operando um fenômeno (refiro-me à comunicação terrena mesmo) de validade única, peculiar, originalíssima. Não vou, portanto, por falta de autoridade para tal, analisá-lo do ângulo religioso e, sim, as relações de sua figura de comunicação com o público.

Com todos os significantes necessários a já ter desaparecido ou ter-se isolado como um fenômeno passageiro, a figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier, no entanto, ganha um significado profundo, duradouro, acima e além de paixões religiosas, doutrinas científicas ou interpretações metafísicas.

A inexistência de um tipo físico favorecedor funciona como outro curioso paradoxo a emergir da figura de comunicação de Chico Xavier. Aquele homem de fala mansa, peruca, acentuado estrabismo, pessoa de humildade e tolerância, não configura o tipo físico idealizado do líder religioso, do chefe de seita, do místico impressionante.

A clássica barba dos místicos ou a cabeleira descuidada ou olhar penetrante e agudo dos líderes inexistem no visual de Chico Xavier, Acrescente-se a inexistência, em seu modo de vestir, de qualquer originalidade ou definição de estilo próprio, ainda que contestador dos estilos formais e burgueses.

Não tem, portanto, Chico Xavier, nos aspectos externos e formais de sua figura de comunicação, nenhum dos elementos habitualmente consagrados como funcionais ou impressionantes dos aspectos externos do grande público, elementos de comunicação incorporados consciente ou inconscientemente por figuras importantes nas religiões. Até a figura do Papa líder de uma comunidade religiosa, é envolta em pompa e festa, estratégia visual destinada à maior pregnância de sua mensagem e à definição de sua posição como símbolo. Nem mesmo a mais decidida modéstia e humildade pessoal de vários papas são suficientes para que a figura papal se desvista da pompa e simbologia relativas ao reinado que representa. Até nas religiões orientais, menos pomposas, as figuras líderes são cercadas da visão carismática do líder.

Francisco Cândido Xavier, porém, representa uma espécie de antítese vitoriosa da figura carismática. Não tem, do ponto de vista externo ou visual, nenhum elemento característico. Até ao contrário. Pessoalmente, é o anticarisma. Funciona como símbolo de negação de qualquer pompa ou formalidade, um retorno talvez à pureza primitiva dos movimentos religiosos.

E no entanto emerge da figura dele uma das mais poderosas forças de identificação da vida brasileira. Ele é uma espécie de líder desvalido dos desvalidos, dos carentes, dos sofredores, dos não onipotentes, dos despretensiosos, dos modestos, dos dispostos a perder para ganhar.

Curiosamente, tal posição é conquistada naturalmente e sem qualquer traço político direto de tomada de posição ao lado dos fracos num século em que a revolução social aparece como a tônica e como a grande aglutinadora dos movimentos humanos, inclusive os religiosos. Sem qualquer formulação política, sem qualquer mensagem diretamente relacionada com a exploração do homem, sem qualquer revolta direta e institucionalizada contra a miséria ou a injustiça, Francisco Cândido Xavier emerge com a força do perdão, da tolerância, da fraternidade real, da fraqueza forte, da fé, da humildade e do despojamento erigidos como regra de vida, como trabalho efetivo da caridade; da não pompa; da não hierarquia; da não violência em qualquer de suas manifestações, mesmo as disfarçadas em poder, glória, secretismo, hermetismo, iniciação, poder temporal ou promessa de vida eterna.

A figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier emerge, portanto, de uma relação profunda e misteriosa com um certo modo de sentir do homem brasileiro, relação esta ainda insuficientemente estudada ou conhecida até mesmo pelos que a vivem, comandam ou exercem. Até mesmo para ele, Francisco, deve haver muita coisa envolta em mistério, um mistério que os seguidores dele tentam definir e enchem-se de explicações científicas ou cientificizantes, religiosas ou religiosizantes, psicológicas, parapsicológicas ou parapsicologizantes.

Para tal contribui, além do aspecto misterioso da psicografia e da relação com os que morreram, a igualmente misteriosa aura de paz e pacificação que domina os que com ele se relacionam pessoalmente ou via meios de comunicação, na relação cuidada e cautelosa, equilibrada e pouco frequente por ele mantida com a televisão, na qual aparece muito pouco, uma vez por ano no máximo e sempre para grandes públicos.

Além da aura de paz e pacificação que parte dele, há um outro elemento poderoso a explicar o fascínio e a durabilidade da impressionante figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier: a grande seriedade pessoal do médium, a dedicação integral de sua vida aos que sofrem e o desinteresse material absoluto. A canalização de todo o dinheiro levantado em direitos autorais para as variadíssimas atividades assistenciais espíritas dão a Chico Xavier uma autoridade moral – tanto maior porque não reivindicada por ele – que o coloca entre os grandes líderes religiosos do nosso tempo.

Quem se aproximar da atividade real de assistência material e espiritual da comunidade espiritualista brasileira verificará que ela é íntegra e heróica, tal e qual o que há e sempre houve de melhor em assistência de religiões como a católica e a protestante (entre nós), prodígios de dedicação, silêncio e humildade que justificam as vidas dos que delas participam.

Síntese final:

A integridade pessoal; a íntima relação entre a pregação e a própria vida; a honestidade de seus seguidores; a ausência completa de significantes externos; o contato com o mistério; a ausência de qualquer forma de violência em sua figura e pregação; a nenhuma subordinação a hierarquias aprisionantes; a discrição pessoal; a nenhuma procura de poder político, temporal ou econômico para o desempenho da própria missão; as formas originais de organização interna do seu movimento, sem personalismos ou autoritarismos – tudo isso gera uma figura de comunicação de alta força, mistério, empatia e grandeza moral, principalmente se considerarmos que enfrentou e ultrapassou tempos diferentes do atual (no qual o ecumenismo felizmente impôs-se). Antes, manifestações como as dele eram removidas como bruxaria ou perigosa, ou bárbaras ou alucinantes quaisquer manifestações místico-religiosas diferentes ou discrepantes da religião da classe dominante.

Livro: 100 Anos de Chico Xavier – Fenômeno Humano e Mediúnico

Carlos A. Baccelli

LEEPP – Livraria Espírita Edições Pedro e Paulo