18 de Abril: Hoje comemoramos os 153 anos de “O Livro dos Espíritos”

por Maria A. Bergman


“O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo; preside ao seu advento o Espírito da Verdade (…)


“Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei ao Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco; O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê e absolutamente não O conhece. Mas, quanto a vós, conhece-lO-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” João, cap. XIV- v. 15 a 17 e 26)”


“O Livro dos Espíritos” é a base do edifício da Doutrina Espírita. Com o seu advento cumpre-se na Terra a promessa evangélica do Consolador, do Paracleto ou Espírito da Verdade.


Ele foi lançado em Paris, França, em 1a. edição, a 18 de abril de 1857, sob o título de “LE LIVRE DES ESPRITS”.


Inicialmente com 501 perguntas, tomou o aspecto definitivo com que atualmente o vemos, com 1019 questões, em sua 2a. edição publicada em 18 de março de 1860. (Obs.: Em realidade são 1018 questões).


“O Livro dos Espíritos” é “o código de uma nova fase da evolução humana”. Ele não é um livro qualquer, que a gente lê às pressas e esquece numa estante. Temos o dever de estudar suas páginas constantemente, e meditar sobre elas. Constitui-se na pedra fundamental do Espiritismo. A Doutrina Espírita surgiu com este livro. Ele contem os princípios da Doutrina Espírita. Antes dele nem existiam as palavras Espiritismo e espírita, que foram criadas por Allan Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade. Os fatos espíritas, os fenômenos, eram interpretados das mais diversas maneiras, mas após Kardec o ter lançado à publicidade, sempre sob a orientação dos Espíritos Superiores, “uma nova luz brilhou nos horizontes mentais do mundo”.


“Cada fase da evolução humana se encerra com uma síntese conceptual de todas as suas realizações. A Bíblia é a síntese da Antigüidade, como o Evangelho é a síntese do mundo greco-romano-judaico, e “O Livro dos Espíritos” a do mundo moderno. Mas cada síntese não traz em si tão-somente os resultados da evolução realizada, porque encerra também os germens do futuro. E na síntese evangélica temos de considerar, sobretudo, a presença do Messias, como uma intervenção direta do Alto para a reorientação do pensamento terreno. É graças a essa intervenção que os princípios evangélicos passam diretamente, sem necessidade de readaptações ou modificações, em sua pureza primitiva, para as páginas deste livro, como as vigas mestras da edificação da nova era”.


“”O Livro dos Espíritos” não é, porém, apenas, a pedra fundamental ou o marco inicial da nova codificação. Porque é o seu próprio delineamento, o seu núcleo central e ao mesmo tempo o arcabouço geral da doutrina. Examinando-o, em relação as demais obras de Kardec, que completam a codificação, verificamos que todas essas obras partem do seu conteúdo. Podemos definir as várias zonas do texto correspondentes a cada uma delas”.


“Assim como, na Bíblia, há o núcleo central do Pentateuco, e no Evangelho o do ensino moral do Cristo, em “O Livro dos Espíritos” podemos encontrar uma parte que se refere a ele mesmo, ao seu próprio conteúdo: é o constante dos Livros I e II, até o capítulo quinto. Este núcleo representa, dentro da esquematização geral da codificação, que encontramos no livro, a parte que a ele corresponde. Quanto aos demais, verificamos o seguinte:


1o.) “O Livro dos Médiuns”, seqüência natural deste livro, que trata essencialmente da parte experimental da doutrina, tem a sua fonte no Livro II, a partir do capítulo sexto até o final. Toda a matéria contida nessa parte é reorganizada e ampliada naquele livro, principalmente a referente ao capítulo nono: “Intervenção dos Espíritos no mundo corpóreo”.


2o.) “O Evangelho Segundo o Espiritismo” é uma decorrência natural do Livro III, em que são estudadas as leis morais, tratando-se especialmente da aplicação dos princípios da moral evangélica, bem como dos problemas religiosos da adoração, da prece e da prática da caridade. Nessa parte o leitor encontrará, inclusive, as primeiras formas de “Instruções dos Espíritos”, comuns àquele livro, com a transcrição de comunicações por extenso e assinadas, sobre questões evangélicas.


3o) “O Céu e o Inferno” decorre do Livro IV, “Esperanças e Consolações”, em que são estudados os problemas referentes às penas e aos gozos terrenos e futuros, inclusive com a discussão do dogma das penas eternas e a análise de outros dogmas, como o da ressurreição da carne, e os do paraíso, inferno e purgatório.


4o) “A Gênese, os milagres e as predições”, relaciona-se aos capítulos II, III, e IV do Livro I, e capítulo IX, X e XI do Livro II, assim como as partes dos capítulos do Livro III que tratam dos problemas genésicos e da evolução física da Terra. Por seu sentido amplo, que abrange ao mesmo tempo as questões da formação e do desenvolvimento do globo terreno, e as referentes a passagens evangélicas e escriturísticas, esse livro da codificação se ramifica de maneira mais difusa que os outros, na estrutura da obra-mater.


5o) Os pequenos livros introdutórios ao estudo da doutrina, “O Principiante Espírita”e “O que é o Espiritismo”, que não se incluem propriamente na codificação, também eles estão diretamente relacionados com “O Livro dos Espíritos”, decorrendo da “Introdução” e dos “Prolegômenos””.


“A codificação se apresenta, pois, como um todo homogêneo e conseqüente. À luz desse estudo, caem por terra as tentativas de separar um ou outro livro do bloco da Codificação, como possível expressão de uma forma diferente de pensamento. E note-se que as ligações aqui assinaladas, de maneira apenas formal, podem e devem ser esclarecidas em profundidade, por um estudo minucioso do conteúdo das diversas partes de “O Livros dos Espíritos”, em confronto com os demais livros. Esse estudo exigiria, também, uma análise dos textos primitivos, como a primeira edição deste livro e a primeira de “O Livro dos Médiuns” e de “O Evangelho”, pois, como se sabe, todas essas obras foram ampliadas por Kardec depois de suas primeiras edições, sempre sob assistência e orientação dos Espíritos”.


“Num estudo mais amplo e profundo, seria possível mostrar-se o desenvolvimento de certos temas, que apenas colocados pelo “O Livro dos Espíritos” vão ter a sua solução em obras posteriores. É o que se verifica, por exemplo, com as ligações do Cristianismo e o Espiritismo, que se definem completamente em “O Evangelho”, ou com o problema controvertido da origem do homem, que vai ter a sua explicação definitiva em “A Gênese”, ou ainda com as questões mediúnicas, solucionadas em “O Livro dos Médiuns”, e as teológicas e escriturísticas em “O Céu e o Inferno””.


“Convém notar, entretanto, que o desenvolvimento de todas essas questões não representa, em nenhum caso, a modificação dos princípios firmados neste livro. Às vezes, problemas apenas aflorados em “O Livro dos Espíritos” vão ser desenvolvidos de tal maneira em outras obras, que, ao lê-las, temos a impressão de encontrar novidades. A verdade, entretanto, é que neste livro eles já foram assinalados de maneira sintética. É o que ocorre, por exemplo, com o problema da evolução geral, definida por León Denis naquela frase célebre: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”. Veja-se, a este respeito, a definição do item 540 deste livro, (…)””.


(Este artigo foi compilado por M. A. Bergman, baseando-se inteiramente na magistral “Introdução ao Livro dos Espíritos” de autoria de J. Herculano Pires, em edição especial da LAKE, comemorativa do centenário do “O Livro dos Espíritos”, em 18 de abril de 1957.)

FONTE: http://www.allankardec.se/Artigo03.htm

enviado por Ismael Gobbo

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